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Mulheres Arara: vozes ancestrais e o saber do território

Em 2023, o Instituto Maíra acionou a Rede SouPagu com uma demanda urgente: promover a saúde mental das mulheres indígenas da etnia Arara, da Terra Indígena Cachoeira Seca, no Pará. A comunidade enfrentava um momento delicado, marcado pelo luto da perda do cacique, pelas disputas territoriais e pelos inúmeros impactos socioambientais. O pedido era claro: construir um projeto de cuidado que respeitasse sua história, seu território e seus saberes.

Foi assim que nasceu o Projeto Saúde Mental de Mulheres Indígenas Arara.

Nosso primeiro passo foi o que já sabíamos fazer bem: oferecer atendimentos psicológicos online. Mas, diante das barreiras culturais, da distância física e da instabilidade da internet, a construção do vínculo não avançou.

Em busca de uma aproximação possível, criamos um grupo de WhatsApp. Em nossos contatos já havíamos percebido que o coletivo é algo profundamente presente na cultura Arara, então usamos essa ferramenta como meio de nos conectar, criar laços, ouvir, trocar e nos apresentar. Inúmeras trocas de fotos, vídeos e áudios aconteceram, fortalecendo o contato. Ainda assim, isso não foi suficiente.

Foi aí que entendemos o essencial: nada funcionaria de verdade até que estivéssemos no território Arara.

Entre os dias 24 e 30 de março de 2025, nossa psicóloga Mayara Souza atravessou o país e foi até a aldeia. Durante esses dias, vivenciou as experiências indígenas e o resgate cultural da festividade do povo Arara, ouviu histórias, compartilhou danças, rodas de conversa, pinturas corporais e saberes sobre plantas medicinais. Conheceu o território e o modo de vida singular daquele povo. Ali, no corpo a corpo, começou a nascer o que a internet jamais nos permitiria com aquela comunidade: vínculo, presença, conexão e partilha de saberes.

O Projeto Mulheres Arara segue em movimento. É uma construção viva, coletiva, que nasce do encontro entre mundos e carrega o desafio de aproximar e conectar culturas diferentes na promoção da saúde mental. Aqui, escutar é muito mais do que ouvir — é estar junto, com humildade, respeito, sabedoria e presença.

Seguimos aprendendo com as mulheres Arara e reafirmando o que sempre acreditamos: a saúde mental também exige um olhar para a saúde territorial, para a cultura particular e para o modo de vida singular de cada povo.

Se quiser acompanhar mais de perto este e outros projetos da SouPagu, realizados com o Instituto SouC

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